24 de Julho — 21:00h

Anfiteatro Colina de Camões | Clássica

Preço: 25€ | Reservas para faqj2024@gmail.com

ORQUESTRA GULBENKIAN e ARTUR PIZARRO

Artur Pizarro: Piano
: Maestro

Nas notas que escreveu (em 2000) para acompanhar a sua gravação de obras de Vianna da Motta (nº 24 da série dedicada pela Hyperion ao “romantic piano concert”), Artur Pizarro evoca (a propósito da Ballada op.16 incluída no disco) uma afirmação de Walter Niemann que, no livro Meister des Klaviers (1919) se refere ao autor da Sinfonia “À Pátria” como “o Grieg português”.
Dicta como estes podem ser mais ou menos produtivos, mas admitem sempre um contraditório. Em relação ao presente concerto, permitem-nos, no entanto, desde logo iluminar a coerência discursiva de um programa que, com a participação preciosa do mesmo Pizarro, conjuga um dos mais bem-amados concertos para piano do século XIX (escrito nos início dos anos 70) ─ o concerto em lá menor, op.16, obra fulgurante do jovem Grieg ─ com a obra-prima raramente ouvida de Vianna da Motta, escrita vinte anos mais tarde ─ a sinfonia em lá maior op.13 (iluminada por epígrafes de “Os Lusíadas”), na qual o Autor retoma vigorosamente (quase setenta anos depois) o caminho aberto por Bomtempo (tanto nas sinfonias quanto no Requiem), ao mesmo tempo que (com a promessa embora de um “ressurgimento”) interpela o tempo de “austera, apagada e vil tristeza” (o contexto de “decadência” e de “luta”) experimentado pela pátria portuguesa na sequência do Ultimatum.
Um programa que se cumpre sob a sombra tutelar de Liszt?
É inevitável reconhecê-lo.
O que não significa apenas recordar a luminosa cadeia de mestres-discípulos em que Pizarro se inscreve (a qual, através de Sequeira Costa e de Vianna da Motta, nos reconduz ao próprio Liszt…).
O que significa também reconhecer a herança de um discurso musical inconfundível, tão presente na escrita pianística e no pitoresco orquestral do concerto (que Liszt entusiasticamente acolheu) quanto na síntese de organicidade sinfónica e de inteligibilidade programática que a sinfonia inspiradamente manifesta (e que a torna assim uma irmã mais jovem das geniais Sinfonia Fausto e Sinfonia Dante).
Sem esquecer por fim (já beyond Liszt) a dimensão nacionalista, que no Grieg do concerto (com os seus irresistíveis padrões rítmicos e harmónicos de Hallingdansen) é ainda privilegiadamente inventio (sem incorporação de melodias norueguesas autênticas), mas que no Vianna da Motta de “À Pátria”; é já plena assimilação, nomeadamente no scherzo: neste terceiro andamento emergem na verdade (com irresistível frescura, se não pré-mahleriana ironia) “As Peneiras” de Viseu e o “Folgadinho” da Figueira da Foz…

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